One Shot 3 - Liam

Para a Daniela, espero que gostes (:

#Raquel

***

(Daniela)

Saí do meu apartamento à pressa pois já estava atrasadíssima para o workshop de artes, embora não me apetecesse muito ir. Tinha acordado com uma dor de cabeça enorme e uma má disposição de outro mundo. O que não era nada favorável se tivesse que aturar um professor da idade da pedra a dar duas horas de workshop.

Ao passar pela casa do Liam, parei a observá-la. Ele já não voltava lá há uns bons seis meses. Sentia a falta dele, daquele sorriso perfeito e daquele sentido de humor que alegre toda a gente. Ocorreu-me que se, naquele momento, ele estivesse ali comigo, a dor de cabeça e a má disposição iriam embora imediatamente.

- Continua linda, não continua? – Ouvi uma voz atrás de mim, impressionantemente perto do meu pescoço. Reconheceria aquela voz em qualquer lado e aquele hálito de menta.

- Como sempre foi. – Disse sem me virar. Ele deu meia volta sobre mim, pondo-se à minha frente. Tinha saudades daqueles olhos que me lembravam os berlindes com que costumávamos brincar. Sempre reluzentes. Ele estava um bocado diferente do que me lembrava, tinha um novo penteado e um novo brilho nos olhos. Reparei na enorme sacola que ele trazia ao ombro. – Voltaste? – Perguntei, rezando para que ele dissesse que sim. Desde que entrou para a banda eu e ele perdemos um pouco o contacto, com muita pena visto que eu gosto imenso dele e do tempo que passamos juntos.

- Sim, vou ficar por cá uns dois meses. Talvez possamos aproveitar o tempo perdido. – De um momento para o outro, dei por mim a sorrir. A má disposição tinha passado, assim como a dor de cabeça.

(Liam)

Ela continuava linda. Já não a via há imenso tempo e isso matava-me. Quando parti em tour perguntei-me se lhe devia continuar a ligar e a mandar-lhe mensagens, mas calculei que não quisesse ter um monte de repórteres ao portão do seu prédio.

- Queres entrar? – Perguntei, na esperança que dissesse que sim. A minha família não estava em casa, o que facilitaria que eu e ela pudéssemos pôr a conversa em dia.

- Não sei, eu tenho de…hum…sim. – Sorri e encaminhei-me para a porta.

(…)

- E então, como tens passado? – Perguntei assim que me sentei no sofá, depois de ter levado a sacola ao meu quarto.

- Normal, estive um ano a fazer workshops e estágios, uma seca. E tu? Conta-me da tua vida fascinante à volta do mundo para cantar e conhecer fãs. – Apesar de estar a sorrir, ela não parecia muito contente. Conhecia-a desde quando eramos pequenos, sabia exatamente quando algo estava errado com ela, assim com ela comigo.

- Diz-me a verdade Daniela. Consigo ver que não estás bem. – Ela deu um longo suspiro e olhou para as mãos que estavam a remexer num fio pendente de uma das almofadas do meu sofá.

- Sabes, tinha saudades tuas… - Notei-lhe alguma tristeza na voz. Senti-me imediatamente mal por não ter mantido contacto com ela. Afinal, ela era a minha vida. Ela era o meu apoio. – Nunca mais disseste nada…cheguei a pensar que te esqueceste de mim…

- Eu nunca me esqueceria de ti. És demasiado importante. Pensei em ligar-te todos os dias, mas não tinha a certeza se o devia fazer. – Ela levantou o olhar e aproximou-se um pouco mais de mim. Aproximei-me também. Ela continuava a cheirar ao perfume Chanel Nº5, como eu sempre gostara.

(Daniela)

Quando dei por mim tinha os meus lábios colados aos do Liam e eles moviam-se sincronizadamente. Encaixavam perfeitamente um no outro. Enquanto nos beijávamos passaram pela minha cabeça milhões de memórias. De quando tínhamos oito anos e íamos brincar para o pátio de sua casa, de quando brincávamos aos casais e nós eramos marido e mulher felizmente casados. Sorri e ele travou o beijo.

- Não acredito que perdi isto durante seis meses. – Disse-me.